Eventualmente,
vem disfarçado de meio. Sem ao menos um sinal ou uma preparação prévia, aparece
e coloca um ponto onde se esperavam dois, explicando; três, reticentes; ou até
mesmo uma vírgula faceira.
É verdade
que costuma se anunciar antecipadamente. Mas é difícil compreendê-lo quando não
se quer nem ao menos enxergá-lo se aproximar, comportamento comum da famosa
raça humana.
Acusam-no de
repentino e injusto, enquanto é apenas natural. Verdade seja dita, é bem
corriqueiro que os culpados o culpem. Simplesmente recebe o sinal e chega, ou
vai chegando, à medida em que lhe são enviados sintomas.
Muitos
ignoram sua existência, embora saibam que é impossível fugir dele. Isso porque
é inevitável para qualquer pessoa, logo, também o é para toda e qualquer
sensação, em intervalos ainda mais rápidos.
Por essa
premissa, antes que apareça em definitivo para o indivíduo, vai dando o ar de
sua graça em segmentos e histórias da vida do mesmo, suscitando o aparecimento
do seu antônimo, mais simpático e carismático, que geralmente é aguardado com
bem mais entusiasmo.
Existem
exceções, todavia, em relação à receptividade: há contextos em que é recebido
de braços abertos, com exclamações de “já não era sem tempo” e com rolhas de
champanhe atiradas, mas quase sempre porque o que vem em seguida parece muito
mais promissor. Os otimistas chamam o processo de ciclo e até de renovação.
O difícil
mesmo, principalmente em termos de sentimentos, é saber se realmente se aplica
ao caso. É comum dizer que aconteceu - e as palavras não tardam a se converter
em ações - menos por confiança nisso e mais por medo de persistir e/ou de
magoar (a si e aos outros).
A questão
crucial é que, com ele, o fim, o que se ganha é um começo o qual,
por sua vez, pode vir acompanhado de um incômodo e persistente lembrete de
que, de alguma forma, não terminou.
A literatura é uma poesia por si só. Pelo menos pra mim que vejo verso em tudo!
ResponderExcluirE adorei esse seu texto! Estou empolgado com a descoberta de um novo blog com textos que vão me inspirar!
Você conhece um filósofo chamado Allain de Botton? Ele diz que tendemos a pensar a vida sempre de maneira cíclica. Não entendemos nada que não tenha começo, meio e fim bem definidos. E, é claro, isso não funciona para os nossos sentimentos que variam muito! Acho que tem a ver com o que você escreveu =)
Brigadíssima, Vitor! Conhecia não mas já estou tratando de conhecer hehe. O pouco que li já me interessou bastante, vou atrás de mais! ;)
Excluir